quinta-feira, agosto 10, 2006

Problemas Matematicos - Cap. III

Abriste a porta num piscar de olhos, subias as escadas numa correria como se existisse um pódio frente à porta de tua casa. Eu tentava olhar para tudo e tentava travar aquele sentimento que me impulsionava a seguir-te mais a mais perto. Consegui travar, tentando evitar uma colisão fatal da qual poderiamos não mais regressar, ao reparares que já não te seguia voltaste atrás para me vires buscar, afinal tudo o que à momentos queria estava à distância de meia dúzia de degraus.

- Que foi? - Perguntaste-me com o olhar quase ferido.
- Eu ... penso que é melhor ficarmos por aqui - balbuciei, virando costas.

Tu não deixaste, agarraste-me o braço como se já fosse pertença tua, viraste o meu corpo contra o teu e colocando a tua mão na minha nuca beijaste-me velozmente. Somente esqueceste-te que em Lisboa cada prédio tem um assombro nas paredes que parecem ter vida própria e eis que se abre uma porta, rápidamente deste-me a mão e corremos como dois miúdos que roubaram um chocolate na loja do bairro e como se toda a gente dali já soubesse a marca do chocolate que tinhamos roubado, escondemo-nos nas masmorras do teu castelo. Fechas-te a porta com o meu corpo contra o teu, levantaste-me o queixo e continuamos o beijo que as sombras do teu prédio interromperam.
No meu pensamento, ainda não era tarde para fugir, para resistir aquilo que eu sabia estar apoderar-se de mim. Porque eu sou assim, semeio-me no vento e depois deixo-me colher pela tempestade, apaixono-me num impulso, alias, não vejo que um amor se possa construir passo a passo como um puzzle, para mim tem de existir aquela fórmula quimica que nem os cientistas ainda descobriram os ingridientes.

- Desculpa mas eu tenho de ir, deixa lá o café! É melhor eu ir porque assim pode ser que eu nunca mais volte.
- Não te estou a entender, afinal, não querias isto? Picaste o meu anzol e agora queres ser esguio nas minhas mãos?
- Eu posso magoar-me com isto e eu não quero mais remendos no peito.
- Ouve tudo isto é um risco, agora se não estás disposto a correr este risco ...

E abriste a porta para me colocares contra a espada e a parede assim num remate colocaste-me em cheque-mate, como se já me conhecesses como a palma da tua mão sabias que eu não resitia a um desafio a ser posto à prova. Eu permanecia parado olhava para a porta aberta e para ti ao lado dela. Já não tinha mais tempo para ficar em banho maria tinha de decidir.