quinta-feira, maio 25, 2006

Problemas Matemáticos - Capítulo II


O teu olhar aproximava-se cada vez mais do meu mas ainda só me olhavas vez a vez, escondido atrás do "bendito" jornal. Eu contorcia-me como um trapezista de circo na cadeira só para não me irromper mais uma vez pelo "bendito" jornal. E permanecemos naquele jogo até eu perder a paciência ...
Com a minha mania de ajudar os empregados de mesa fui ao balcão buscar a bica, tu pensaste que eu me tinha ido embora, então levantaste-te e foste atrás de mim mas com o que tu não contavas era que eu voltava e que a tua vitória até então passaria a ser um empate. Quando voltava para a minha mesa tu estavas diante de mim e eu tremi do pés à cabeça, num arrepio que não mais voltei a sentir, e está claro que atrapalhado derrubei a chávena de café em cima de ti. Não foi muito romântico, tenho de te confessar, que a primeira palavra que me disseste a olhar mais dentro dos meus olhos fosse merda.

- Merda!
- Peço imensa desculpa! - disse não contendo o riso incontrolável dos nervos.
- As desculpas evitam-se...
- Tem dias mas fique tranquilo que eu pago a conta da lavandaria.
- Também não é preciso tanto. Eu moro aqui perto por isso troco de camisa num instante.
- Se assim o diz, acredito em si. Mas peço-lhe desculpa mais uma vez e , também, pelo riso ...
- Não tem importância, afinal o menino também perdeu ...
- O quê?
- O café!

Cabrão, pensei eu, logo agora que eu tinha empatado o jogo, vem marcar um golo nem os meus festejos tinham acabado. Ele foi embora e eu ainda fui buscar mais uma bica, só para não dar a parte fraca, é que no entretanto tinhamos a esplanada toda à espera de um espetáculo de rua.
E fui, andando pelo passeio a fora, furioso comigo mesmo, já a remoer as minhas dores com os meus botões quando tu me apareces de uma esquina e voltas a tropeçar em mim.

- Bem já vi que hoje não me livro de si ...
- Igualmente - sorrio ironicamente.
- Por acaso vinha a pensar em si e naquela treta de ler o jornal ao contrário ...
- Não se incomode tanto a pensar nisso, afinal não é ciência nenhuma e eu só disse aquilo para meter conversa consigo, algo que não consegui por isso se me dá licensa - disse isto tudo num único bafo, corei, e logo eu que nunca corava. Tentei ir embora, mas ...
- Ai foi. Não tinha pensado nisso.
- Pois, então e que vai fazer agora, esmorrar-me?
- Não sou adepto da violência.Antes vou pagar-lhe um café já que perdeu o seu por minha causa.
- Também não se iluda tanto, é só um café ...

E antes que eu podesse dizer qualquer coisa mais ele pegou-me no braço, decididamente, levando-me, eu já não reflectia apenas o seguia. Só depois reparei que ele ainda tinha a camisa suja de café e que estavamos parados frente a um prédio do qual ele tinha a chave da porta...

E o próximo episódio está quase a chegar ...
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quarta-feira, maio 17, 2006

Problemas matemáticos - Cap I - Estreia


A hipotenusa é igual à soma dos dois catetos ao quadrado, o triângulo que tu criaste não existe matemático algum que o consiga calcular nem mesmo com o Teorema de Pitágoras. Esse mesmo problema matemático que me deixaste nas mãos como que por herança, como que uma fotografia esquecida pelo chão aquando levas as malas pela porta da rua para não mais voltares. O que fazer com ele? Tentar resolve-lo? Já rabisquei mil hipóteses e todas elas me levam ao zero como resultado final. As folhas de papel amachucadas acumulam-se pelo chão da casa que deixaste à horas, sim para não mais voltares ...

Nessa tarde, andava meio que agitado, percorria a cidade à procura de tudo e ao mesmo tempo de nada. Parei para um café ao sol e lá estavas tu, de óculos de sol, a ler o jornal atentamente como se lesses a alma. Reparei em ti, como eras lindo, como o teu sorriso se iluminava quando passavas os olhos pelo horóscopo (Mais tarde virias a dizer-me que eram os melhores cartoons alguma vez inventados!) , como mexias o café decididamente convicto. Continuava a olhar na esperança que me retribuisses o teu olhar ... Mas tu parecias não queres voltar do mundo que o jornal te mostrava ... Não resisti, eu tinha de intervir, decidi interromper a tua viagem ...

- Já tentou lê-lo ao contrário? - disse-lhe.
- Perdão!? - respondeu prontamente ainda meio a cambalear.
- O jornal ...
- Sim eu percebi ... Apenas não compreendo onde quer chegar com a sua questão.
- É apenas um conselho, penso que é mais divertido. Vá experimente, vai ver que não dói nada e...

O round 1 ganhou-o ele, voltei ao meu lugar, só me apetecia que o terramoto voltasse apenas no local onde as minhas tropas assentavam e me levasse dali. Como eu não iria dar a parte fraca permaneci no posto de vigilia a olhar a cidade e vez a vez para ti ... e numa ou outra vez apanhei-te a olhares-me e de cada vez com um olhar diferente como se existisse uma evolução no que pensavas a respeito de mim.

Não percam o próximo capítulo
porque nós também não ...
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domingo, maio 14, 2006

Fica comigo esta noite ...

Quando te questionei se te podia pedir um favor, fizeste questão de sublinhar que não me davas o teu número de telefone, doeu pois aquilo que iria pedir era simplesmente que ficasses comigo esta noite pois não cheguei a pedir, balbuciei qualquer coisa que acabaste por cumprir mais tarde.
Nesta mesma noite que cruzei o teu destino, que te perdi sem nunca te ter tido nas mãos, em que me doí a ausência de uma presença que nunca tive. Parece hipérbole, até poderá ser, talvez elevada ao quadrado pela agonia que o amor já me provocou outrora.
Depois desta noite ficou mais certo que não vou conhecer a raiz quadrada do amor mas também não é novidade para mim é mais uma prova para um julgamento que se torna tardio. Algo que irei espetar na face de Deus quando ele me receber no seu sorriso sincero e me der o baloiço que tanto lhe pedi, sempre que fechava os olhos e dirigia o queixo para tecto do meu quarto improvisado juntando as duas mãos com fervor acedia com fé.
Mais uma volta, mais uma viagem, também não me canso, nem me cansarei de acreditar que será na próxima vez que fizer as malas.
Voltando a ti, despertaste-me a curiosidade mas fizeste-me doer, será melhor não me acompanhares mais, afinal eu sou um louco e gosto de sê-lo, um visionário respirando utopia atrás de utopia. Por isso é que não tenho medo é pelas quedas que já dei que o corpo ficou viciado. Palpitou-me durante a nossa conversa que não iria despir o véu que nos separa ... E mais, tu confundes-me os sentidos, dás-me insegurança e com isso fazes-me errar na ansiedade.
Que os teus sonhos sejam mais acesos que nunca, que os teus passos permaneçam firmes na passagem pelo destino.

sábado, maio 13, 2006

Ando pela berma, os carros apitam, as bocas assobiam ... nem ligo ... preferia que me estendessem a mão. Deambulo como um mendigo, mendigado o amor que não tenho ... Tropeço na confusão

Entre tantas mensagens que recebi, a tua fez-me arregalar o olho, encher a barriga ... se existem palavras que nos beijam, as tuas beijam como o mar quando se enrola na areia. Dizes que és aquilo que eu procuro e que só me resta avaliar ...
Andamos desencontrados no tempo, no espaço ... é tudo tão grande ...

Toda a tua vida é um profundo segredo para mim, não conheço os teus gestos, as palavras que mais empregas na tua linguagem quotidiana mas é a pensar nisso que a minha alma se embala e adormece. Esperando uma nova mensagem.

Agora só o teu desejo me parece real, só ele me fez despertar ...

quarta-feira, maio 03, 2006

Regresso

Tinha -me proposto a dormir, dava voltas na cama, ao meu lado o corpo dele não me aquecia nem me arrefecia, tentava sonhar um sonho bom mas ao invés, sonhava a morte de alguém e que o meu telefone tocava para me avisarem da tragédia.
O relógio já tinha dobrado a uma há alguns minutos, enquanto lutava contra o sonho o telefone tocava, assustado não quis atender, mas ele continuou, do outro lado a Jninha contava-me que lhe tinhas ligado várias vezes a pedires o meu número com urgência.

Desde que foste para os lados da cortina de ferro já foste assaltada várias vezes, por isso o teu telefone onde tinhas o meu número já não existia, eu e a gó andamos preocupados, não sabemos exactamente como vives por aí, sabemos por alto algumas coisas mas ainda assim... Por mim podem inventar x coisas modernaças para vivermos numa aldeia global mas nada é igual como o olhar de alguém que ao vislumbrarmos tiramos o raio x e analisamos num instante o estado de espírito de alguém.
As nossas vidas são diferentes desde que foste embora, aconteceram uma sucessão de acontecimentos para isso, mas o nosso amor por ti nem numa grama se alterou, confesso que fomos por vezes um pouco egoistas a rumarmos na nossa maré sem olhar para o teu mar de vez a vez...
As festas nunca mais foram as mesmas sem ti, o teu cabelo no meio da pista era sempre o farol para ninguém se perder numa noite de copos.

A Jninha estava aflita, não estava a compreender nada do que se passava, disse que depois recebeu uma chamada em que ouviu o teu nome ao fundo de um número fixo português, eu não queria acreditar no que ouvia, parecia tudo muito longa-metragem para ser verdade mas ainda assim arrisquei que aquele número de telefone era de uma cabine telefónica no Aeroporto da Portela, e que tu estavas em portugal, como se o meu coração sentisse que o teu estava mais perto. A partir daí começaram as buscas para te encontrar, liguei para todos, tudo dormia sereno, apenas eu e a Jninha permaneciamos na busca. Ligava para o teu número hungaro que não me dava sinal algum, lembrei-me de te enviar uma sms para me ligares, não tardaste a responder-me do telefone do H para o qual já tinha ligado sem resposta alguma, voltei a ligar e ouvia tua voz, as lágrimas diagnóstico da saudade não tardaram em cair. Combinamos almoçar no dia a seguir, na manhã seguinte todos ligavam-me a saber o q se passava: a Gó tinha acordado a meio da noite sobressaltada ( é assim que se manifestam os sentimentos por alguém ligado ao nosso coração como veias, nós sentimos que tu nos doías numa parte qualquer do nosso corpo). Contei rápidamente tudo à Gó e voltamos à busca de ti pois agora tinhas desaparecido novamente, a Jninha também ligou e a M. fez o mesmo. Agora estavamos novamente de mãos atadas, não sabiamos se os teus pais sabiam e não queriamos ligar a perturbar e criar algum equívoco. A mim só me doía a tua ausência tão perto. Por fim a Gó descobriu-te, tinhas ficado a dormir no corpo do H, do homem que amas e por quem fizeste esta maluqueira.
Afinal, já tinhamos saudades dos teus distúrbios, miúda... Agora estás aqui ao pé para a nossa mão, jamais te vai acontecer coisa alguma, voltaste a casa, à nossa muralha.
Com muito amor, André