quarta-feira, maio 03, 2006

Regresso

Tinha -me proposto a dormir, dava voltas na cama, ao meu lado o corpo dele não me aquecia nem me arrefecia, tentava sonhar um sonho bom mas ao invés, sonhava a morte de alguém e que o meu telefone tocava para me avisarem da tragédia.
O relógio já tinha dobrado a uma há alguns minutos, enquanto lutava contra o sonho o telefone tocava, assustado não quis atender, mas ele continuou, do outro lado a Jninha contava-me que lhe tinhas ligado várias vezes a pedires o meu número com urgência.

Desde que foste para os lados da cortina de ferro já foste assaltada várias vezes, por isso o teu telefone onde tinhas o meu número já não existia, eu e a gó andamos preocupados, não sabemos exactamente como vives por aí, sabemos por alto algumas coisas mas ainda assim... Por mim podem inventar x coisas modernaças para vivermos numa aldeia global mas nada é igual como o olhar de alguém que ao vislumbrarmos tiramos o raio x e analisamos num instante o estado de espírito de alguém.
As nossas vidas são diferentes desde que foste embora, aconteceram uma sucessão de acontecimentos para isso, mas o nosso amor por ti nem numa grama se alterou, confesso que fomos por vezes um pouco egoistas a rumarmos na nossa maré sem olhar para o teu mar de vez a vez...
As festas nunca mais foram as mesmas sem ti, o teu cabelo no meio da pista era sempre o farol para ninguém se perder numa noite de copos.

A Jninha estava aflita, não estava a compreender nada do que se passava, disse que depois recebeu uma chamada em que ouviu o teu nome ao fundo de um número fixo português, eu não queria acreditar no que ouvia, parecia tudo muito longa-metragem para ser verdade mas ainda assim arrisquei que aquele número de telefone era de uma cabine telefónica no Aeroporto da Portela, e que tu estavas em portugal, como se o meu coração sentisse que o teu estava mais perto. A partir daí começaram as buscas para te encontrar, liguei para todos, tudo dormia sereno, apenas eu e a Jninha permaneciamos na busca. Ligava para o teu número hungaro que não me dava sinal algum, lembrei-me de te enviar uma sms para me ligares, não tardaste a responder-me do telefone do H para o qual já tinha ligado sem resposta alguma, voltei a ligar e ouvia tua voz, as lágrimas diagnóstico da saudade não tardaram em cair. Combinamos almoçar no dia a seguir, na manhã seguinte todos ligavam-me a saber o q se passava: a Gó tinha acordado a meio da noite sobressaltada ( é assim que se manifestam os sentimentos por alguém ligado ao nosso coração como veias, nós sentimos que tu nos doías numa parte qualquer do nosso corpo). Contei rápidamente tudo à Gó e voltamos à busca de ti pois agora tinhas desaparecido novamente, a Jninha também ligou e a M. fez o mesmo. Agora estavamos novamente de mãos atadas, não sabiamos se os teus pais sabiam e não queriamos ligar a perturbar e criar algum equívoco. A mim só me doía a tua ausência tão perto. Por fim a Gó descobriu-te, tinhas ficado a dormir no corpo do H, do homem que amas e por quem fizeste esta maluqueira.
Afinal, já tinhamos saudades dos teus distúrbios, miúda... Agora estás aqui ao pé para a nossa mão, jamais te vai acontecer coisa alguma, voltaste a casa, à nossa muralha.
Com muito amor, André

Sem comentários: