quarta-feira, fevereiro 15, 2006

Partida

O sol já se põe, no altifalante da estação velha ouve-se o aviso sonoro da chegada do teu comboio. Chegou o momento que ambos queriamos ignorar.
Um abraço que diz adeus, um olhar que se despede de outro em lágrimas. Uma mão fechada na outra com medo, assustada em perder-se pelo tempo a fora. A culpa mais uma vez do relógio que é incerto como o deserto, a cada movimento do ponteiro, a cada segundo que marca o compasso fico louco para ainda te ter nas mãos.
E agora? E se neste momento te pedisse mais uma noite no aconchego do teu abrigo?
Quando partires, o que faço?
Permanecerei embebecido ver-te partir, acenando vez a vez, soluçando baixinho para não perceberes ou então corro que nem um louco para não olhar mais para trás porque afinal tu enganas o meu mundo, tu alteras os meus sentidos.
Que fazer com a ausência tua que me entregas nas mãos? Partilhá-la?
Saudade minha... Saudade do Fado teu... minha guitarra portuguesa que me choras num gemido quase num sussuro.
Só mais esta vez, o teu corpo no meu, só mais este momento ... Mas o tempo não espera meu bem.

1 comentário:

Pralaya disse...

Fantástico esta descrição de uma partida e um terminar...
Sempre sem querer e a pedir o impossivel só mais uma noite e depois outra...
Parece que é o que sempre tentamos fazer com alguém de quem gostamos e que têm de partir.