quarta-feira, novembro 01, 2006

Problemas matemáticos - Cap. IV

 

Tu olhaste, uma vez mais, para mim, tão profundamente, que a minha boca não conseguiu falar, os meus joelhos tremeram, eu já não respirava, o meu coração batia velozmente como se no próximo segundo parasse tudo porque eu já me tinha afogado nesse teu olhar azul de imenso mar, já me perdera em ti para nunca mais voltar a mim.
Então sussurraste ao meu ouvido dizendo que o meu silêncio consentia o teu pedido.
Num ápice as calças já estavam nos tornozelos, não dei por ficarmos com os corpos despidos da vergonha, os teus braços seguravam o meu corpo, não havia tempo, nem a noção do mesmo. É estranho como o beijo de dois seres estranhos que se conheciam há um par de horas era tão cúmplice, tão certo… Bem… Tão mágico que me perdia nos sucessivos beijos que simultaneamente entregávamos. O beijo é a chave da fusão das almas, é o passaporte para uma viagem que na nossa história não teve regresso. Já houve em tempos que a coisa não corria bem se o beijo não correspondesse à embalagem ou pelo menos à ilusão que construímos enquanto jogamos às cegas a sedução. Contaram-me que os nossos lábios têm 33 pontos nervosos que decidem a coisa… Acredito muito nessa teoria!
O tempo passava, nem sei se veloz ou pausadamente, não consigo descrever o compasso da nossa entrega. Nunca trocamos uma única palavra durante todo o tempo como se os nossos corpos falassem por nós, não foram necessários o gosta disto, quer aquilo, prefere assim ou aqui, ou acolá.
Olhei a janela a noite já tinha caído, deixei-me ficar na cama sob o teu olhar, velaste-me até cair nos meus sonhos, só me lembro do teu olhar penetrando todos os meus poros enquanto me afagavas os cabelos e a minha pele se aninhava na tua.
Despertei com aquela sensação com que acordamos numa cama estranha à nossa, numa almofada que nunca conheceu o salgado das nossas lágrimas, assustado quase como que desmemoriado, completamente à toa do que fazias a dormir ao meu lado, ainda por cima a sorrir sentido segurança de partilhares o nosso momento mais íntimo, o sono, mais do que aquilo que tínhamos feito horas antes. Senti-me errante, um cavaleiro que tinha perdido a espada na batalha e num impulso de loucura, raiva de mim mesmo, também, contrariando tudo aquilo, feliz e livre como se o meu espírito não mais morasse no meu corpo, vesti-me peguei nas minhas coisas atabalhoadamente e saí não sem olhar uma vez mais para ti.
Desci as escadas como se estivesse embebido, tonto… Nada na minha vida se comparava com a grandiosidade do momento que tinha partilhado contigo, apetecia-me mais daquele veneno mas ao mesmo tempo eu não podia, eu não tinha direito a isso. A culpa desse ressentimento é da merda dos contos de fada e mais o caraças do foram felizes para sempre, ensinam-nos tudo até chegarmos até esse ponto final mas o que fazer no próximo parágrafo. Posted by Picasa

7 comentários:

Anónimo disse...

Hum, capítulo IV a rodar...
Interrogo-me como continuará a estória ou será que já é história...
Num time frame perdido no tempo pode ser ontem em Lx ou no século passado num subúrbio de NY.
Continua, tá muito boa
No final como acabará este problema matemático? 1^oo, oo^0, 0/0, O^oo, oo/oo ... cá a espero
Sergio

Anónimo disse...

Pra começar bem o mês..
a continuaçao da tua historia...
k pronto.. digamos k está excelente..como tem sido ate agora.. definitivamente um boa leitura ;) sério..

abraço e espero pela continuaçao.. ;)

Anónimo disse...

É.. Muito bom mesmo.. Um IVº capitulo espetakular! =)


Força nisso rapaz...
Abraço ai!

Anónimo disse...

desculpa a imtromissão descarada, mas eu quando gosto de algo não posso deixar passar em branco o elogio. fiquei simplesmente sem palavras e poucos são os que o conseguem fazer. estou fascinada com o teu blog. mais uma vez peço desculpa pela intromissão, mas já alguma vez leste alguma coisa de Nuno Júdice? ias adorar pois têm muitos pontos em comum.
Continua, não pares de escrever, toca a rodar...
com admiração
Marta Barbosa

Anónimo disse...

muito feliz com o contributo no meu blog, deixo o meu endereço electrónico: anteia@net.sapo.pt
podes adicionar ao msn, se preferires escreves uns mails com o teu talento.
fico à espera
abraço
Marta

Anónimo disse...

Uma palavra:

DIVINAL!

Cumprimentos,
"O Responsável Pela Intromissão Anterior"

Pralaya disse...

A história continua fantastica e cada vez mais paetecivel de saber o que vai acontecer, levou aos tempos de juventude em que fiz algo parecido que uma das personagens até poderia dizer que houve partes deste texto que foram inspiradas nesse acontecimento...