sábado, dezembro 16, 2006

Reencontro

A bem ou mal, hoje cheguei à conclusão que Lisboa já não é uma aldeia, subimos de categoria, meus amigos alfacinhas, agora já podemos dizer que vivemos numa metrópole toda janota. Claro que vou explicar porque digo isto ...

Noutro dia estava eu muito bem de prancha na mão a surfar pelas milhares de ondas desta aldeia global quando recebo uma mensagem de alguem que já não via à três anos atrás, um caso do passado para ser mais concreto. Na minha ideia essa pessoa tinha ido para fora de Lisboa, na verdade, tinha ficado cá na mesma cidade do que eu e nunca nos encontramos nem com amigos em comum nós nos encontramos. Sinceramente, deve ser o meu lado provinciano que me leva a ter saudades de dizer bom dia a todos ao meu redor.
Voltando à mensagem ... vinha com o número de telefone agregado, eu guardei-o e adicionei-o ao msn, fiquei naquela de ligar e até dizer olá mas sentia-me tonto de falar com alguém três anos depois ... E assim permaneci até que uma janelinha do canto inferior direito gritava olá. Conversa de três anos para pôr em dia no msn ... vai lá vai ... doí não doí, bébé ... Mas vou contar a parte mais importante para dar seguimento ao q venho contar neste post.

' Então e amores? '
' Ah! Eu já não acredito no amor. '
' Eu acredito. '
' Quiça se não és tu que três anos depois me vais fazer voltar acreditar no amor ... '
( ... )
' Então onde estás? Que andas a fazer agora? '
' Tou em casa, mas vem cá uma amiga e depois vou dar aula. ' - (Desculpa mas eu menti-te discaradamente, não havia amiga nenhuma, apenas era o meu receio que falava mais alto ... nem sei bem porquê ...)
' Temos de combinar qualquer coisa ( ... ) '

E lá se foi, e eu a recordar algumas coisas fiquei ... Algum tempo depois recebo uma sms a perguntar se a minha amiga ainda lá estava e num impulso peguei no telefone e liguei a perguntar se agora era dado aos ciúmes, desatamos a rir, num sorriso de criança tonto e numa rajada de brisa estavas aqui. Quando te vi ria-me como uma criança no circo, os meus pés fugiam-me do chão, eu estava nervoso, aliás, antes de te abrir a porta olhei-me muitas vezes ao espelho perguntando à alma se estava bem ou mal. Mas no etc acabamos por nos beijar, ai o meu coração voou não sei bem para aonde.
Entretanto, foste levar-me à escola, os meus putos aguardavam-me com aquele sorriso sem o qual eu já não consigo viver mas o teu sorriso levei-o nos meus lábios para mostrar a todos os que por mim passavam. Logo a seguir às aulas, não aguentei e liguei-lhe a dizer que tinha pensado nele, que nem tinha dado a aula como deve de ser, e aí pareceu-me que tinhas sido tu a deixar a porta aberta quando me incentivaste a ligar-te, na manhã seguinte contava as horas no relógio para te ligar pois não podia ser nem muito cedo nem muito tarde mas tu não atendeste e eu senti-me perdido sem saber se insistia ou não. Acabaste por me ligar para combinar nos vermos mas não decidimos nada, esperei como me pediste mas nada e depois enviei-te eu um sms a perguntar, voltaste a ligar a dizer q estava complicado mas já voltavas a ligar mas não ligaste, mandaste uma sms a dizer q não dava e dps nos viamos sem data à vista, ainda mandei-te uma a dizer queria muito estar contigo e acordar ao teu lado mas não me respondeste e todo eu ficou triste, meti-me na cama logo de seguida e dormi a fazer conjecturas.

Acordei e deu-me para isto, pois não sei se insisto ou se fico por aqui ... enfim, cenas dos próximos capitulos.
Agora confesso-te uma coisa, só a ti, há uma parte de mim que ainda acredita no amor mas eu não gosto de deixa-la à solta, quando os meus olhos tocaram nos teus ela libertou-se de mim e agora não se quer recolher.

E no final seremos nós uma metrópole ou não temos tempo para os outros, para vivermos uns com os outros ... ?

6 comentários:

Anónimo disse...

Tu adivinhas o que me vai na alma ou seremos os dois seres votados a relações mais ou menos frustradas por tempo indeterminado. achei extremamente curioso refugiares-te na cama, eu também o faço. a dormir a realidade é mais suportável. enfim, os fantasmas do passado estão constantemente a rondar-nos a casa. os meus vivem na minha!
mais um post brilhante, mais uma situação quotidiana que só me reconforta porque afinal, não sou a única.
parabéns, André, continua a mostrar ao mundo o teu talento literário.
abraço
Marta Barbosa

Unknown disse...

Martinha ... Permite-me, uma vez q tb tenho uma marta no coração a minha irmã. Engraçado falares na questão da casa pois não sei se sabes o nome de marta advém da irmã de lázaro, personagem biblica, aquela que lavou os pés de jesus. Marta significa aquela que cuida da casa. Sei isto porque a minha irmã antes de nascer era para se chamar margarida mas a minha mãe na noite antes de a dar à luz teve um sonho que lhe disse para o ser que ela carregava no ventre se chamasse Marta. Qual não foi a surpresa de todos nós quando chegamos à maternidade com um novo nome ... E por acaso até a maneira de ela brincar se prende muito com coisas relacionadas com o quotidiano de uma casa.
Disto tudo e do bocadinho que me falaste depreendo que cuidas como uma leoa da tua casa e com os fantasmas de que me falas lembrei-me de um dos contos que mais gosto da Sophia de Mello Breyner - O silêncio. No livro dos contos da Terra e do Mar. ( Não sei se conheces)
Quanto a mais um elogio teu, muito obrigado porque vem abraçar-me ainda antes de me levantar da 'cama'.
Bjinhos muito doces para ti para quem da vontade de estar sempre a escrever e vou adicionar-te ao msn.
André Campos

Anónimo disse...

Como sempre, os teus posts sao fabulosos.. adoro passar por aqui e ver que ha actualizaçoes..
Desta vez, a pergunta deixou-m a pensar seriamente numa possivel resposta.. a qual nao consigo encontrar! :S

abraço
e força pra tudo..

Anónimo disse...

Sabem, eu ultimamente (se calhar por estarmos numa altura tão especial como o Natal) tenho dado comigo a pensar que se calhar era mais feliz se, mesmo sem receber o amor que tanta falta me faz, dispenxa-s alguns momentos do meu dia para cuidar dos amigos, para vive-los no dia-a-dia, sem a preocupação da distancia que nos separa.

Não quero nem saber da distancia geografica, assusta-me pensar que aos poucos te vou perdendo, ora porque nada digo, ora porque passo o dia a mandar mensagens ou a ligar-te quanto mais não seja para ouvir a tua voz. A voz que confunde o meu coração: fica sempre sem perceber se há-de rir ou chorar!


Desculpem o desabafo mas sei que vais estar ai a ler e me vais achar ridiculo por não te esquecer! Não o quero fazer. Desculpa.


André, mais uma vez parabéns. Está lindo!

Abraço,

Play Dead disse...

devias "postar" com maior frequencia

Pralaya disse...

Mais um texto incrivel e que toca num assunto do meu pensamento... Não sei se acredito ou não nas coisas que nos contam, talvez seja mais facil acreditar mesmo que muitas vezes nao sejam verdadeiras e ai o facto de nos magoar permite que continuemos a sentir.